Sintra apoia projecto de integração profissional de jovens com deficiência

Um projeto de estágios para 13 jovens em empresas, com o objetivo de promover a inclusão socioprofissional de pessoas com deficiência, vai ser desenvolvido numa parceria da Câmara de Sintra com a Associação "Pais-em-Rede” hoje formalizada.

"É um projeto-piloto, que envolve a capacitação das famílias, com o chamado planeamento centrado na pessoa, com base no perfil e nas competências do jovem, e depois faz-se o levantamento das tarefas nas empresas e ele é integrado", explicou à agência Lusa Luísa Beltrão, presidente da Associação "Pais-em-Rede".

Segundo a autarquia, o projeto "Inclusão socioprofissional das pessoas com deficiência" tem como objetivo a construção de uma "rede comunitária de apoio", capaz de "criar respostas não institucionalizadas que promovam a autonomia e realização pessoal" de jovens.

"Em Portugal ainda estamos muito atrasados, em relação a outros países, que têm quotas para pessoas com deficiência, mas este projeto é uma forma de começar a entrar nas empresas", considerou Luísa Beltrão, salientando que a iniciativa "vai ter a supervisão de uma universidade para criar um modelo que depois vai ser replicado no resto do país".

Segundo o protocolo assinado hoje pela "Pais-em-Rede" - Associação Não Governamental para a Pessoa com Deficiência e pela Câmara de Sintra, o projeto conta com um subsídio municipal de 28.000 euros.

"Vemos este projeto não apenas como um ato de solidariedade, mas como um ato de cidadania, porque não podemos descriminar as pessoas que são capazes de trabalhar por critérios de deficiência ou de normalidade", afirmou o presidente da autarquia, Basílio Horta (PS).

O autarca vincou que "desde que as pessoas possam trabalhar devem ter as mesmas oportunidades que todos os outros cidadãos" e, por isso, a câmara investiu "cerca de 50.000 euros na formação para pessoas com deficiência".

No âmbito do projeto foram selecionados 13 jovens, entre os 17 e os 23 anos, com diversos tipos de incapacidade, a maioria a frequentar o ensino secundário e três já fora do contexto escolar.

No protocolo considera-se que "a pessoa com deficiência, seja qual for o seu grau de incapacidade, é detentora dos mesmos direitos que qualquer outro cidadão, acrescido do direito aos apoios necessários à sua integral inclusão social".

A estratégia europeia realça a necessidade de "projetos integrados de formação, ligados ao trabalho, que permitam que os jovens com deficiência tenham uma transição prática imediata da vida escolar para a vida laboral", salienta-se no documento.

A associação compromete-se a designar técnicos especializados para o desenvolvimento do projeto, assegurando o acompanhamento, "monitorização, realização de oficinas de pais e formação de docentes e ‘job trainers'".

A constituição da "rede comunitária", com o apoio de entidades públicas e privadas, entre as quais escolas, empresas, autarquias e Instituto de Emprego e Formação Profissional, prevê a divulgação de boas práticas através da atribuição dos selos "Escola Inclusiva de Excelência" e "Empresa Inclusiva".

O programa de monitorização e avaliação, para além da criação de um manual de procedimentos, contará com a supervisão científica da Faculdade de Motricidade Humana.

O projeto foi apresentado numa recente reunião do Conselho Estratégico Empresarial de Sintra, com o propósito de sensibilizar os empresários do concelho para admitirem jovens com deficiência.

Para já, Basílio Horta adiantou que a Tabaqueira e a Apametal já aderiram ao projeto, mas espera que outras sigam o exemplo.