Sintra: Plano da Praia Grande prevê restrição automóvel na época balnear

A Câmara de Sintra vai colocar em discussão pública o Plano de Pormenor da Praia Grande (PPPG), que prevê um empreendimento turístico na antiga colónia de férias da CUF e a restrição automóvel na frente marítima na época balnear.
 
A proposta do PPPG, aprovada já pelo executivo camarário, prevê dois parques de estacionamento, a recuperação do parque de campismo e um empreendimento turístico na Quinta do Mar (ex-CUF), na estrada que liga a Almoçageme.
 
"Não se corta o trânsito, não é possível, porque isso prejudicava muito os restaurantes. Vamos é possibilitar que haja outro tipo de estacionamento, uma oferta maior e não a desordem que temos visto até agora", disse à Lusa o presidente da autarquia, Basílio Horta (PS).
 
Apesar do autarca afastar a proibição do acesso automóvel a partir do Hotel Arribas, porque "se perdia mais do que se ganhava", notou que o plano vai criar "uma zona finalmente ordenada e completamente requalificada".
 
A proposta do PPPG, que abrange uma área de 99 hectares (ha), na freguesia de Colares, prevê a "qualificação do espaço público na frente da praia através do condicionamento à circulação viária, reperfilamento da via e substituição dos pavimentos".
 
A reestruturação viária incluirá uma rotunda para inversão do sentido de trânsito e um parque de estacionamento público, com 382 lugares para ligeiros e quatro lugares para autocarros, "alternativo aos condicionamentos de trânsito previstos na frente de praia, destinado a servir a afluência balnear no verão", lê-se no relatório da proposta.
 
Entre o entroncamento com a Estrada do Rodízio e a nova rotunda serão criados mais 109 lugares de estacionamento público ao longo da via, além de um parque privado com 80 lugares de apoio à Praia Pequena, logo a seguir ao parque de campismo.
 
A arborização da frente de praia, com alargamento dos espaços pedonais e quiosques, uma ciclovia do lado mar, a remodelação dos balneários públicos, e pequenas bolsas de estacionamento do lado da arriba, são outras medidas apontadas.
 
Para a Quinta do Mar, antiga colónia de férias da Companhia União Fabril (CUF), está projetada a reconversão em "empreendimento turístico" dos 14 imóveis, incluindo os cinco edifícios dos dormitórios, com o máximo de três pisos acima do solo e 40 camas/ha.
 
Nos 4,43 ha do parque de campismo, fechado por falta de condições sanitárias, admite-se a construção de um parque de campismo e caravanismo de quatro estrelas, como previsto no Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Sintra-Sado.
 
A área para circulação interna, instalações e equipamentos comuns "não pode exceder 25% da área total do parque" e são "admitidas instalações complementares destinadas a alojamento até 25% da área total do parque destinada aos campistas", estabelece a proposta.
 
O plano, com uma área repartida em 36,73% de solo urbano e 63,27% de solo rústico, assenta em três eixos estratégicos: "preservação e qualificação ambiental e redução dos riscos", "valorização da oferta turística e do uso balnear" e "qualificação do espaço urbano e rústico".
 
Entre as condicionantes patrimoniais a levar em conta nas intervenções, apesar de se localizarem fora da área do plano, são referidas as jazidas paleolíticas da Praia da Adraga, a jazida de pegadas de dinossáurios da Praia Grande e o santuário romano consagrado ao Sol, à Lua e ao Oceano, no Alto da Vigia.
 
Segundo Ana Queiroz do Vale, diretora municipal de Ambiente, Planeamento e Gestão do Território, a proposta será colocada em discussão pública após publicação oficial e "está prevista uma sessão com a população" para esclarecimento das medidas do plano.