Três juntas de freguesia de Sintra pedem auditorias sobre contas herdadas

Os novos executivos das juntas de Rio de Mouro, Agualva-Mira Sintra e Massamá-Monte Abraão, do concelho de Sintra, vão pedir auditorias externas às contas das freguesias por suspeitas de irregularidades dos anteriores autarcas.

Em causa estão, segundo os autarcas, contratos de telecomunicações com um valor muito elevado, um excessivo número de quilómetros apresentados por membros dos antigos executivos ou a aquisição de material informático e de telemóveis.

De acordo com o presidente da junta de Rio de Mouro, Bruno Parreira (PS), o novo executivo está a "avaliar os inventários" e detetou "algumas inconformidades" como aquisições de serviços a uma operadora de telecomunicações com elevado valor mensal.

Segundo o autarca, há ainda um número excessivo de pagamentos de quilómetros a membros do antigo executivo da coligação PSD/CDS-PP.

Sete elementos do antigo executivo estão, aliás, a enfrentar com um processo judicial, acusados por crimes de peculato - o Ministério Público pede a devolução de 68 mil euros.

O presidente da recente criada União das Freguesias de Agualva e Mira Sintra, Carlos Casimiro (PS), disse à Lusa que "há indícios que revelam que há matérias de facto para avançar com uma auditoria" no início de janeiro, por supostas irregularidades praticadas na antiga junta de Agualva (que, tal como a de Mira Sintra, era presidida pelo PSD/CDS-PP).

"Detetámos muitos quilómetros colocados sem que houvesse enquadramento para isso. Há faturas estranhas como a aquisição de garrafas de whiskey e brandy, sem estarem enquadradas em qualquer evento. Achámos isso muito estranho. Verificámos ainda que há consumos muito elevados de telemóvel, em largas centenas de euros, por parte de uma das antigas vogais", afirmou.

A assembleia de freguesia da nova União de Freguesias Massamá-Monte Abraão já aprovou a realização de uma auditoria externa que deverá estar concluída em fevereiro.

O presidente desta junta referiu à Lusa que o escrutínio às contas visa apurar procedimentos de contratação de pessoas e serviços, adiantando que há equipamentos, como telemóveis, que se encontram na posse de membros do antigo executivo e que ainda não foram entregues.

"Existem situações que parecem que não foram feitas de forma correta e é preciso ter a certeza", disse Pedro Brás (PS).