O eixo central da cidade de Almada vai reabrir à circulação automóvel. As avenidas D. Nuno Álvares Pereira e D. Afonso Henriques, que desde 2008 foram classificadas como zona pedonal, passam a “zona mista” permitindo trânsito em ambos os sentidos, com a restrição de velocidade máxima de 20 quilómetros horas.
Esta medida resulta da avaliação do Plano de Mobilidade – Acessibilidades 21, implementado pela autarquia, e vem ao encontro da contestação dos empresários locais que nunca estiveram de acordo com o encerramento ao trânsito deste eixo da cidade. Aliás, chegaram mesmo a acusar as restrições impostas pelo plano de mobilidade de afastar as pessoas do centro da cidade, prejudicando o negócio local e, de alguma forma, levar ao encerramento de algumas lojas.
A delegação de Almada da Associação de Comércio e Serviços do Distrito de Setúbal (ACSDS) chegou mesmo a apresentar medidas alternativas à Câmara de Almada para que o trânsito voltasse a circular neste perímetro, e justificou os seus argumentos através de um inquérito ao comércio nesta zona. No questionário, realizado em Julho deste ano e apresentado à tutela municipal do trânsito, os inquiridos consideravam que a pedonalização na área de Almada Centro teve efeitos “negativos” no seu negócio.
“Acredito que a nossa acção e o estudo que apresentámos contribuiu para que fosse restabelecido o trânsito no eixo central da cidade de Almada”, comenta Gonçalo Paulino, presidente da ACSDS. “A própria circulação do Metro Sul do Tejo nas avenidas centrais não se coaduna com uma zona pedonal”, por isso considera que a decisão correcta deveria ter passado, logo de início, pela medida agora apresentada pela autarquia: “zona mista com velocidade condicionada”.
Para o presidente da delegação de Almada não estão em causa zonas pedonais no concelho, e elogia a recente obra de pedonalização da Rua Cândido dos Reis em Cacilhas, mas vinca que estas “só fazem sentido nas artérias secundárias” do concelho. “Seremos sempre contra a pedonalização de artérias principais, sejam elas no centro de Almada ou em qualquer outra localidade do concelho”.
Com o trânsito de regresso ao eixo central de Almada, a autarquia pondera medidas para as pessoas usufruir mais desta zona. Para além da alteração da sinalização, está previsto melhorar o acesso ao parque de estacionamento do Largo Gabriel Pedro transformando a Rua Fernão Lopes em zona mista, e do mesmo modo tem em estudo alterar a acessibilidade da Rua Luís de Queirós, que foi integrada na zona pedonal.
Entretanto o comércio local vai continuar a oferecer duas horas de estacionamento no parque de estacionamento da Avenida D. Afonso Henriques e pondera acções para atrair clientes. O problema é que o inverno está à porta e “organizar actividades ao ar livre com frio e risco de chuva é um mau investimento”, infere Gonçalo Paulino, mas “já existem ideias e estamos a analisar a possibilidade de desenvolver algumas acções”, avança.
A avaliação do Plano de Mobilidade -Acessibilidades 21 apresentada aos deputados municipais e à delegação de Almada da ACSDS prevê medidas para além do eixo central da capital do concelho de Almada, destinadas às freguesias circundantes. Segundo a autarquia as soluções implementadas pelo plano “responderam de forma muito positiva às necessidades da cidade”, com “diminuição da sinistralidade”, principalmente nas zonas residenciais, “melhoria de circulação, espaço público mais ordenado e qualificado e novas respostas para estacionamento”.
Contudo, ainda é preciso intervir em zonas como o eixo principal da Cova da Piedade, concluir o eixo transversal Feijó-Laranjeiro e as medidas previstas para a Alameda Guerra Junqueiro (Laranjeiro) e no Bairro Nossa Senhora da Piedade, na Cova da Piedade. Do mesmo modo está por concluir a intervenção em parte significativa da zona norte de Almada, condicionando o centro da cidade. Algumas destas medidas estão dependentes de outras obras ou entidades para além da autarquia.