Os trabalhadores da Valorsul, em Loures, iniciam na próxima segunda-feira feira uma greve de quatro dias para contestar a privatização da empresa e os cortes salariais, anunciaram hoje os sindicatos.
Em causa está a privatização de 100% da participação do Estado na EGF (‘sub-holding’ do grupo Águas de Portugal para o setor dos resíduos), aprovada no final do mês passado pelo Conselho de Ministros.
Em declarações à agência Lusa, Navalha Garcia, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas, referiu que a paralisação vai decorrer entre as 24:00 do dia 17 de março e as 24:00 do dia 20.
“Esta greve tem vários motivos. Por um lado protestar contra os ataques nos direitos e condições de trabalho dos trabalhadores e por outro pela intenção do Governo de entregar a privados uma empresa tão rentável como esta”, explicou.
No entender do sindicalista, a privatização da Valorsul iria ser prejudicial tanto para os trabalhadores como também para os utentes dos 19 municípios servidos pela aquela empresa.
“Os trabalhadores sairiam prejudicados porque tanto os seus postos de trabalho como os seus direitos seriam postos em causa, e as populações passam a ter um serviço prestado por uma empresa que apenas pretende o lucro fácil”, perspetivou.
Navalha Garcia adiantou ainda que a comissão de trabalhadores da Valorsul não chegou a um acordo com a administração da empresa relativamente aos serviços mínimos a prestar nos dias de greve, cabendo agora a um tribunal arbitral estabelecer esses pressupostos.
“Vamos esperar para ver o que resulta destes dias de greve, mas posso assegurar que a luta não termina no dia 20”, sublinhou.
No início do mês de fevereiro os 19 municípios acionistas da empresa de resíduos Valorsul tinham manifestado a sua oposição à privatização dos capitais da EGF e anunciado que iam pedir ao Presidente da República, Cavaco Silva, que “trave” o processo. Por seu turno, esta manhã uma comitiva do Bloco de Esquerda, liderada pela coordenadora do partido, Catarina Martins, visitou as instalações da Valorsul e apelou aos 19 municípios que apoiem a greve dos trabalhadores, manifestando apreensão quanto a uma futura privatização daquela empresa.
A EGF é responsável pela recolha, transporte, tratamento e valorização de resíduos, através de 11 empresas concessionárias, da qual faz parte a Valorsul, situada no concelho de Loures e que serve 19 municípios da Área Metropolitana de Lisboa e da zona Oeste.
Além de Loures, a Valorsul serve os municípios de Alenquer, Alcobaça, Amadora, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lisboa, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Odivelas, Peniche, Rio Maior, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira.