Os trabalhadores da Vithrom Portugal, da multinacional chinesa Yageo, vão cumprir hoje um dia de greve, pela discriminação de salários das mulheres, que chegam a ganhar menos 500 euros do que os homens em funções iguais.
Em declarações à agência Lusa, o porta-voz dos trabalhadores, Paulo Ribeiro, adiantou que as mulheres que trabalham na empresa estão a receber "muito menos" do que colegas seus homens, no desempenho das mesmas funções.
"Queremos que a empresa seja justa e reponha a igualdade salarial entre homens e mulheres", afirmou o representante.
Os trabalhadores da Vithrom vão estar em greve hoje e têm uma concentração, agendada para as 14:00, junto à fábrica, em Trajouce, São Domingos de Rana, Cascais.
Paulo Ribeiro disse que, no universo da empresa, existem 80 mulheres e 40 homens e as diferenças salariais chegam a atingir os 500 euros.
"Todas auferem salários entre os 600 e os 680 euros, conforme a sua posição na carreira profissional, enquanto os trabalhadores homens, com as mesmas funções, chegam a auferir 1.200", sustentou.
O representante adiantou ainda que, no passado dia 5 de novembro, a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) confirmou a existência de discriminações em função do género e recomendou à direção da empresa que uniformizasse os salários entre mulheres e homens do mesmo grupo profissional e criasse a possibilidade de as trabalhadoras terem acesso a profissões qualificadas, técnicas e de chefia.
"Até agora ainda não se verificou qualquer alteração. A empresa continua a arrastar a situação", acusou Paulo Ribeiro.
Além disso acrescentou, a Vitrohm acumulou lucros superiores a 6 milhões de euros nos últimos quatro anos, mas os salários dos trabalhadores ou não foram aumentados ou tiveram atualizações, no mesmo período, que não excederam os 15 euros mensais.
Na concentração, segundo Paulo Ribeiro, os trabalhadores vão aprovar uma moção a denunciar a situação, que será enviada à administração chinesa do Grupo Yageo.
Fonte do departamento de recursos humanos da empresa disse à agência Lusa não ter "nada a dizer" sobre o assunto, informando que o caso está a ser tratado pela Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT).