A decisão do Governo de construir um porto de contentores na Trafaria recebeu a contestação dos autarcas, da esquerda à direita, do concelho de Almada. Amanhã, dia 23 de Fevereiro, pelas 17 horas, na Sociedade Recreativa Musical Trafariense , está marcado um encontro com a população, onde vão estar presentes a presidente da Câmara de Almada e a presidente da Junta de Freguesia da Trafaria.
O plano de reestruturação do Porto de Lisboa apresentado hoje, sexta-feira, pelo ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, prevê a concessão do terminal de cruzeiros na margem norte e atira para a margem sul uma frente de contentores que “fere o desenvolvimento sustentado da nossa Trafaria”, afirma a presidente da Junta de Freguesia, Francisca Parreira.
Para a autarca socialista esta decisão do Governo “é um crime ambiental”. Lembra ainda que na Discussão Pública da Alteração ao Plano Regional de Ordenamento da Área Metropolitana de Lisboa ficou “consensualizado” que o futuro da freguesia passaria pela “requalificação urbana e valorização ambiental”, assim como incentivar “actividades geradoras de emprego e de elevado potencial económico, designadamente turismo, pesca, recreio e lazer”.
Entretanto a presidente da Câmara de Almada, Maria Emília de Sousa, após o anúncio do Governo, afirmou que a construção de um novo terminal de contentores na Trafaria é um "atentado ambiental gravíssimo" e prometeu recorrer aos tribunais para impedir a concretização do projecto. A eleita comunista lembra que “os autarcas do município de Almada há muitos anos que recusam a construção de um megaterminal de contentores na Trafaria”.
“Crime imperdoável” classifica o presidente da concelhia do PS de Almada esta decisão do Governo. António Mendes chega a apelar à mobilização cívica para “não deixarmos comprometer o futuro” desta freguesia e de Almada. “Depois dos silos na Trafaria vieram os terminais de combustível e agora os contentores. “A cidade das duas margens não pode ter de um lado o lixo e do outro os luxos”, afirma Uma opção que “o PS não vai deixar passar”, acrescenta.
O terminal de contentores é também rejeitado pelo Bloco de Esquerda que vê nesta freguesia um potencial de desenvolvimento que passa pelo reforço das actividades económicas locais, recursos que estão “totalmente desaproveitados”, nomeadamente a valorização turística.
Nem ao PSD de Almada agrada este modelo de desenvolvimento apresentado pelo Governo para a Área Metropolitana de Lisboa. “O concelho de Almada tem condições naturais únicas que podem ser um verdadeiro motor de crescimento económico”, defende Nuno Matias, presidente da concelhia social-democrata. Por isso os deputados do PSD eleitos pelo distrito de Setúbal vão “solicitar com urgência uma reunião com o Governo no sentido de obter explicações sobre o que justifica esta decisão”.
Querem assim saber que vantagens esta decisão do executivo de Passos Coelho terá para o país e para o concelho de Almada, particularmente para a Trafaria e Costa da Caparica. Duas localidades cujo “desenvolvimento passa pelo turismo”. Por isso afirmam estar em “discordância” com a transferência dos contentores para o concelho de Almada.