O grupo Transtejo considera que os passageiros são os principais prejudicados com as greves e paralisações nas ligações fluviais no Tejo, na região de Lisboa e que estas iniciativas não solucionam os problemas dos trabalhadores.
No ano de 2011, os trabalhadores realizaram 48 horas de greve e 15 plenários com paralisação da actividade, enquanto em 2012 o número de horas de greve é já de 64 e os plenários 19.
"Percebo as motivações dos trabalhadores, mas considero que o tipo de luta não lhes resolve o assunto, prejudicando a situação da empresa e dos passageiros. O maior impacto das greves é nos passageiros, porque há dois anos deixámos de ter transportes alternativos, que tinham custos muito elevados", disse o presidente do conselho de administração do grupo, João Pintassilgo, em entrevista à Lusa.
O responsável explicou que os impactos causados no grupo – que detém duas empresas, a Transtejo e a Soflusa - estão relacionados com os títulos ocasionais que naquele período seriam vendidos, pois a maioria dos utentes tem passe. O prejuízo em 2011 e em 2012 é estimado em cerca de 50 mil euros, mas a empresa acaba por poupar no combustível.
"A greve é fundamentalmente contra as medidas do Governo e menos com a empresa, pois esta faz o que está limitada a fazer. Percebe-se politicamente as greves, mas consideramos excessivas pelo impacto e sem efeito prático", defendeu.
"A empresa não pode aumentar a massa salarial. Até teríamos aceite as propostas que fazem há dois ou três anos atrás, mas agora estamos impedidos de o fazer", acrescentou.
Ainda assim, João Pintassilgo admitiu que as greves não ajudam a captar e a fidelizar passageiros. Os utentes que se deslocam para o trabalho, por exemplo, não têm nestes casos garantias de chegar a horas, o que cria “situações com alguma gravidade”.
Sobre a sua situação na presidência do conselho de administração do grupo Transtejo, João Pintassilgo referiu que formalmente o mandato terminou em 2010 e que desde Fevereiro de 2011, dos três administradores, apenas estão dois a trabalhar.
"A resposta que tenho dito é que não era preocupação do Governo a regularização das administrações e admito que existam situações mais urgentes para o Governo. Aguardo que a tutela tome uma decisão", declarou.
A empresa Soflusa é responsável pela ligação entre o Barreiro e Lisboa, enquanto a Transtejo estabelece as pelas ligações entre Cacilhas (Almada), Montijo, Seixal, Trafaria (Almada) e Lisboa.