A Tratolixo, empresa responsável pelo tratamento de resíduos de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra, anunciou hoje que pode receber resíduos de municípios da Grande Lisboa durante os quatro dias de greve na Valorsul.
"A Tratolixo está obviamente disponível para responder a uma situação de emergência na área de Lisboa em termos de necessidade de tratamento de resíduos", disse à agência Lusa João Dias Coelho, presidente da administração da empresa. A disponibilidade para receber resíduos dos municípios servidos pela Valorsul durante a greve agendada para a próxima semana é justificada por "motivos de saúde pública".
A Tratolixo, em comunicado, informa que o conselho de administração, "tendo tomado conhecimento da greve que a Valorsul irá realizar entre os dias 17 e 20 de março, aprovou um plano de contingência que entrará em vigor na próxima segunda-feira".
O plano visa "salvaguardar a gestão e o tratamento dos resíduos dos municípios" que integram a empresa e ainda "recursos para qualquer eventual necessidade que ocorra na área da Grande Lisboa".
João Dias Coelho recusou comentar a greve dos trabalhadores da Valorsul, motivada por cortes salariais e contra a privatização, aprovada pelo Governo, da participação do Estado na Empresa Geral de Fomento (EGF), a sub "holding" do grupo Águas de Portugal para o setor dos resíduos.
A Valorsul, através do gabinete de comunicação, informou que "não houve qualquer comunicação formal" por parte da Tratolixo para receber resíduos dos municípios da empresa instalada em Loures. "Isso também não fazia sentido, porque existem serviços mínimos" decretados pelo tribunal, explicou a porta-voz, garantindo que a empresa vai poder receber resíduos.
Os 19 municípios acionistas da Valorsul manifestaram na quinta-feira, na Câmara de Loures, a sua oposição à privatização dos 55,63 por cento detidos pela EGF na empresa e solidarizaram-se com a greve dos trabalhadores. Na reunião participaram entre outros os presidentes da Câmara de Lisboa, António Costa (PS), de Loures, Bernardino Soares (CDU), e do Cadaval, José Bernardo Nunes (PSD).
"É penalizador em todos os aspetos. No aspeto ambiental, social, porque vai levar ao aumento das tarifas, e no aspeto económico, porque se trata de uma empresa com sustentabilidade económica", apontou Bernardino Soares, acerca dos inconvenientes da privatização.
Os autarcas prometeram evitar enviar resíduos para a Valorsul durante os dias da greve, referindo que vão apelar às populações que tentem guardar a maior quantidade possível de lixo em casa.
"Estamos solidários com os trabalhadores da Valorsul e iremos tomar as medidas que melhor salvaguardem os interesses dos munícipes", comentou à Lusa a presidente da Câmara da Amadora, Carla Tavares (PS).
A autarca adiantou que o concelho possui um sistema de deposição de resíduos com uma capacidade diferente de outros municípios e que durante o fim de semana serão adotados procedimentos para fazer face às circunstâncias da greve.
A Valorsul serve 19 municípios da Área Metropolitana de Lisboa e da zona Oeste.