Utentes da Vimeca voltam a protestar contra fim dos passes intermodais

Uma centena de pessoas protestou na quinta-feira, na Amadora, contra o fim dos passes intermodais sociais da rodoviária Vimeca, considerando que a medida vai aumentar os custos de transportes e agravar as suas condições de vida.
A empresa de transportes Vimeca, que opera na Grande Lisboa, anunciou em dezembro que vai deixar de aceitar passes sociais intermodais a partir de abril.
O passe intermodal da Vimeca permitia aos utentes o acesso a diferentes operadoras de transporte público na zona de Lisboa, como o Metro, a Carris e a CP - Comboios de Portugal com valores mais reduzidos quando comparados com a aquisição individual de cada um dos títulos de transporte.
O protesto de hoje, agendado pela Comissão de Defesa dos Utentes dos Transportes da Amadora, decorreu no Parque Delfim Guimarães.
Para Clarinda Marta, utente da Vimeca que trabalha em Lisboa, esta medida da empresa de transportes rodoviários vai agravar mais as dificuldades por que passa o seu agregado familiar.
"Em casa somos duas pessoas com o passe L1. O meu filho está desempregado e já me custa pagar 48 euros por cada um dos nossos passes, quanto mais agora se tiver que pagar exclusivamente o passe da Vimeca, que ronda os 30 euros", disse Clarinda Marta à agência Lusa.
Para esta moradora da freguesia de São Brás, o ideal seria morar em Lisboa e evitar os "sucessivos aumentos dos preços dos transportes", mas os preços das habitações na capital tornam esse sonho impeditivo.
"Esperam-nos tempos ainda mais difíceis. É injusto acabar com o passe social porque estão a estrangular-nos economicamente", disse.
Segundo o porta-voz da Comissão de Defesa dos Utentes dos Transportes da Amadora, Carlos Moreira, os utilizadores dos transportes da Vimeca quiseram mostrar hoje o seu desagrado com o fim dos passes sociais.
"As pessoas estão contra o fim do passe social porque muitas delas não têm alternativas a não ser a utilização do transporte rodoviário [coletivo], o metro e o comboio. Estamos a exigir que a Vimeca recue nessa intenção", afirmou à agência Lusa.
Carlos Moreira adiantou que moradores das freguesias da Brandoa ou de São Brás serão os principais afetados, uma vez que residem a vários quilómetros de distância dos acessos a comboios.
"Terão que fazer grandes caminhadas porque muitas não têm capacidade para pagar este aumento dos passes. Muitas terão que manter o passe social (da CP e do Metropolitano) e adquirir, à parte, o passe da Vimeca, que representará um aumento na ordem dos 30 euros", avançou.
O porta-voz da comissão, que lançou um abaixo-assinado para recolha de assinaturas para mostrar o desagrado dos utilizadores, afirmou que "é importante que o Governo obrigue a Vimeca a recuar".
Na sua página da Internet, a Vimeca informa que a sua participação nos passes intermodais L1, L12, L123, L123SX, L123MA, L123FS, 012, 023 e 123, em todos os seus tipos e modalidades, deixam de ser válidos a partir do dia 01 de abril de 2013.