Utentes exigem em protesto melhores condições no Centro Hospitalar Barreiro/Montijo

Cerca de uma centena de pessoas juntou-se hoje em protesto no portão do hospital do Barreiro e exigiu mais médicos e melhores condições de acesso à saúde, referindo esperar que o novo conselho de administração compreenda as reivindicações.
 
"Estamos aqui a protestar contra os elevados tempos de espera que as pessoas têm nas urgências, a falta de médicos para primeira cirurgia e primeira consulta, a falta de profissionais de saúde no Centro Hospital Barreiro/Montijo e a existência de muitas pessoas sem médicos de famílias nos quatro concelhos de Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete, que depois se deslocam para o hospital do Barreiro", disse à Lusa Antonieta Fortunato, da Comissão de Utentes da Saúde do Barreiro (distrito de Setúbal).
 
O protesto de hoje foi organizado pelas Comissões de Utentes de Saúde do Arco Ribeirinho, que englobam os concelhos de Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete, numa iniciativa que contou com diversos autarcas, deputados e dirigentes sindicais.
 
"O hospital tem perdido qualidade. Saíram médicos de várias especialidades e algumas deixaram mesmo existir. Continuamos a perder valências, este ano já encerrou a obstetrícia, pois não tinham equipas suficientes e também a urgência dá sinais de rotura", salientou Antonieta Fortunato.
 
Segundo a representante, faltam 55 médicos, 40 operacionais, 65 enfermeiros e 11 técnicos de diagnóstico terapêutico.
 
O novo Conselho de Administração do Hospital do Barreiro já foi aprovado em Conselho de Ministros, mas ainda não entrou em funções.
 
Os utentes esperam uma mudança de políticas.
 
"Os conselhos de administração são nomeados pelos Governos e se este conselho vier com as mesmas políticas não podemos esperar muito. Esperamos que este novo conselho venha atender as nossas reivindicações e vamos continuar a lutar", defendeu Antonieta Fortunato.
 
Fernanda Ventura, da Associação de Mulheres com Patologia Mamária, disse que existem nos quatro concelhos cerca de 76 mil pessoas sem médicos de família.
 
"Este dado representa muita pressão para o centro hospitalar, mas não pode ser desculpa para todas as questões. Temos perdido valências, pessoal e condições nos últimos anos, com tempos de espera extensos para cirurgias, consultas e na urgência", afirmou.
 
Regina Janeiro, vereadora da Câmara do Barreiro, defendeu que, sem médicos de família, as urgências "entopem".
 
"Este centro hospitalar serve mais de 221 mil pessoas. O conselho de administração mudou, mas o que é preciso mudar são as políticas", concluiu.