Vereadores do PSD de Oeiras dizem que movimento IOMAF destituiu quem lhe deu sentido

Os vereadores do PSD na Câmara de Oeiras que em abril, após detenção de Isaltino Morais, abdicaram dos seus pelouros afirmaram hoje que o movimento independente Isaltino, Oeiras Mais À Frente (IOMAF) “destituiu” quem o criou.
"É um paradoxo da história de Oeiras. O IOMAF destitui o homem que deu sentido à sua origem e não percebe que esta matança do pai fundador é o suicídio do grupo que o sustenta, vazio de doutrina, deserto de ideias, esvaziado de sentido", referiram Ricardo Júlio Pinho e Ricardo Lino.
Num comunicado escrito em conjunto e hoje lido na reunião de Câmara de Oeiras, os dois vereadores da oposição consideraram que, agora que Isaltino Morais já não é presidente do executivo (cargo assumido na terça-feira pelo vice-presidente Paulo Vistas), "do ponto de vista da lealdade para com os cidadãos terminou o IOMAF".
"É o próprio partido que extingue a sua génese, a sua finalidade, os seus propósitos", acusaram.
A 26 de abril, dois dias depois de Isaltino Morais ter sido detido para cumprir pena de prisão efetiva de dois anos por crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais, Ricardo Pinho e Ricardo Lino abdicaram dos pelouros que geriam na Câmara de Oeiras.
A decisão motivou críticas do agora presidente da autarquia, Paulo Vistas, que "lamentou o abandono das funções" dos dois vereadores do PSD como "resultado de ambições políticas e determinações partidárias".
Ricardo Júlio Pinho e Ricardo Lino consideraram hoje que essas acusações foram "folclore" e que a decisão tomada foi a "única que estava em consonância com a lei, a única coerente com a gravidade da situação que se tem vivido".
Ainda antes da leitura do comunicado do PSD, Paulo Vistas deu uma conferência de imprensa para "esclarecer a atual situação do município" e na qual se assumiu como presidente da Câmara de Oeiras e negou qualquer divergência com Isaltino Morais.
Os dois vereadores sociais-democratas questionaram ainda porque é que Isaltino Morais terá optado pela suspensão do mandato e não pela renúncia.
"Será que Isaltino tem dúvidas na boa gestão dos negócios da autarquia nas mãos do seu número dois?", perguntaram.
Ricardo Pinho e Ricardo Lino acusaram ainda o executivo de Oeiras de Paulo Vistas de, nas últimas três semanas, ter praticado "atos de gestão que escaparam ao Estado de Direito, escaparam ao regular funcionamento das instituições e do poder local, na pressa e só pela pressa de substituir e apagar rapidamente os sinais da presença do presidente que hoje o IOMAF pretende ver destituído".
Na conferência de imprensa, Paulo Vistas disse que gostaria de ver Isaltino Morais integrar a sua lista nas eleições autárquicas deste ano como candidato à assembleia municipal.