Viagem à história da indústria naval

Fragata D. Fernando II e Glória e novo Fragata D. Fernando II e Glória são motivos de atracção em Cacilhas.
Cacilhas é local de passagem obrigatória durante o Verão. Para além de uma vista privilegiada do Tejo com Lisboa ao fundo, o Cais do Ginjal, apesar dos muitos edifícios degradados, é a cada passo uma visita à história de uma localidade marcada pela indústria de construção e reparação naval. O muito da história de Portugal ligada ao mar passou por aqui e por esta freguesia.
Um só dia pode não chegar para descobrir o que esta frente ribeirinha oferece. A visita pode começar pela Fragata D. Fernando II e Glória, o grande último navio à vela da Marinha Portuguesa e última nau a fazer a “carreira das índias”, em exposição junto ao Clube Náutico de Almada, local que merece também uma paragem. A poucos metros dali pode ver o Farol de Cacilhas e, continuando junto ao rio seguindo pelo Cais do Ginjal, o passeio pode levá-lo até ao recentemente inaugurado Museu Naval.
Um museu que integra a rede municipal de museus e conta a história da construção e reparação naval em ferro e aço. Neste espaço pode sentir-se o que foi o fervilhar de vidas de trabalho em unidades industriais como a Parry & Son, que ocupou o espaço onde está a D. Fernando II e Glória, a Companhia Portuguesa de Pescas, a Sociedade de Reparações de Navios e a Lisnave. O próprio Arsenal do Alfeite, a única empresa deste sector ainda em funcionamento, mas que ameaça também vir a desaparecer apesar da própria Marinha Portuguesa defender a sua continuidade como capital para se manter actuante nos mares, está retratada no Museu Naval.
As paredes forradas com fotografias de homens envergando “fato-macaco” que faziam as grandes embarcações navegarem remetem o visitante para a utilização das muitas peças em exposição, originais ou réplicas. A própria sala do plano, embora em miniatura, permite perceber os primeiros processos para a construção de um navio de pesca, carga ou de guerra. Ali mesmo, pode ver-se um velho estirador e plantas de desenho técnico onde pela mão de desenhadores, a tinta-da-china, eram projectados os navios. Era, de facto, um outro mundo de arte, técnica e máquinas comparado com o de hoje onde tudo se pensa frente a um computador.
Depois da visita ao Museu Naval, é de aproveitar uma paragem no Jardim do Rio com descanso na relva e ouvir as pequenas ondas do rio. A opção seguinte é subir até Almada Velha pelo elevador panorâmico, ou voltar novamente pelo Cais do Ginjal e jantar num dos restaurantes a alguns metros do jardim e esperar pela noite a cair sobre o rio.
Outra opção, é voltar até à zona urbana de Cacilhas e aproveitar a renovada Rua Cândido dos Reis. Restaurantes e esplanadas não faltam e até Setembro está prometida animação na rua aos fins-de-semana.