Volta a Portugal: Sergio Pardilla não entrou no jogo das equipas lusas

O espanhol Sergio Pardilla (MTN-Qhubeka) fez hoje xeque-mate à estratégia das equipas portuguesas para vencer isolado no alto da Senhora da Graça e vestir a amarela da Volta a Portugal em bicicleta.
Terceiro classificado da Volta a Portugal em 2010, Pardilla mostrou, na quarta etapa, que pode ser o “outsider” desta edição, com um ataque a dois quilómetros da contagem de primeira categoria da emblemática subida, que deixou os homens da Efapel-Glassdrive, mais preocupados em marcar os adversários nacionais, sem resposta.
“Havia muita gente com opções de ganhar a etapa e de vestir a camisola amarela, estávamos todos a um par de segundos. Felizmente, fui o mais forte”, disse o vencedor, que deixou Edgar Pinto, o novo líder da LA-Antarte devido ao desfalecimento de Hugo Sabido, em segundo, e Rui Sousa, agora segundo na geral com o mesmo tempo do camisola amarela, em terceiro.
Perdida no meio do nada, Arouca acolheu o arranque da quarta etapa, com o pelotão a aproveitar as curvas e contra-curvas do início da tirada para deixar sair um grupo numeroso de 17 ciclistas, dos quais se destacavam os repetentes Joni Brandão (Efapel-Glassdrive), acompanhado do companheiro Sérgio Sousa, Márcio Barbosa (LA-Antarte), o camisola azul Hélder Oliveira (OFM-Quinta da Lixa), Jay Thomson (MTN-Qhubeka) e o veterano Adrian Palomares (De Rijke-Shanks).
A vantagem construída pelos bravos do dia nunca chegou a ser significativa e tornou-se ainda menos importante quando a Efapel-Glassdrive resolveu pegar na frente da corrida para fraturar o pelotão na subida de primeira categoria para a barragem do Alvão.
A primeira prova de fogo para os candidatos revelou uma inesperada debilidade de Hugo Sabido (LA-Antarte), que descolou momentaneamente do grupo, já extremamente reduzido, para voltar a juntar-se um pouco mais à frente, passados os difíceis 8,8 quilómetros com 7,2 por cento de inclinação média.
Pela frente havia ainda muitos quilómetros a percorrer, debaixo de um sol escaldante – os termómetros chegaram a marcar 45 graus em alguns pontos da etapa -, e os fugitivos foram cedendo, com Antonio Olmo (Louletano-Dunas Douradas) a ser o último sobrevivente à perseguição movida pela OFM-Quinta da Lixa.
Anulada a fuga no sopé do Monte Farinha, teve lugar a verdadeira emoção. No jogo de eliminação que é a Volta a Portugal o primeiro a cair, sem honra nem glória, foi o dorsal número 1.
Sabido ficou para trás quando ainda faltavam sete quilómetros para a meta, demonstrando aquilo que tinha tentado esconder, sem grande sucesso, nas etapas anteriores, e perdeu 4.30 minutos e com eles definitivamente a possibilidade de vestir a camisola amarela em Viseu.
Com a mancha cor-de-rosa a liderar, o grupo foi perdendo progressivamente peças até que um puxão de Virgílio Santos a cinco quilómetros do alto quebrou definitivamente a ténue corda que segurava Alejandro Marque, Délio Fernandez e Arkaitz Duran, que cederam ainda mais terreno quando Sergio Pardilla partiu que nem uma flecha para passar direto pelo homem da Rádio Popular-Onda.
Isolado na frente, o espanhol pedalou rumo à vitória, enquanto, atrás de si, Edgar Pinto, o novo líder da LA-Antarte, e Rui Sousa, o “velho” chefe de fila da Efapel, discutiam entre si o segundo e terceiro lugares, atravessando o risco sete segundos depois do vencedor, que cumpriu os 181,4 quilómetros entre Arouca e a Senhora da Graça em 5:13.31 horas.
Na segunda-feira, Pardilla terá como missão defender a liderança na geral – tem Sousa com o mesmo tempo e Gustavo Veloso (OFM-Quinta da Lixa) a sete segundos -, na quinta etapa - última antes do dia de descanso -, que liga Lousada a Oliveira do Bairro, na distância de 177,3 quilómetros.