Zonas mais vulneráveis de Cascais com poucas estruturas de suporte

Um estudo do Centro de Estudos Sociais (CES) de Coimbra indica que as zonas com maior vulnerabilidade social em Cascais são aquelas que têm menos infraestruturas de suporte, enfraquecendo a resposta a desastres ou catástrofes.
 
"O número incrível de infraestruturas que Cascais tem baixa muito a vulnerabilidade" do concelho em relação a desastres ou catástrofes, mas as infraestruturas da polícia, bombeiros ou associações "está concentrada onde a população é menos vulnerável", disse à agência Lusa o investigador do Observatório do Risco do CES José Manuel Mendes, que coordenou o estudo de avaliação da vulnerabilidade social no concelho de Cascais.
 
Apesar de a maior parte do município não apresentar uma vulnerabilidade social elevada, há diferenças entre o norte e o sul, apontando para Alcabideche, que tem quase 62% das secções estatísticas com vulnerabilidade social elevada ou muito elevada.
 
Ou seja, os locais mais vulneráveis são aqueles que têm menos infraestruturas de suporte, frisou, considerando que é necessário "deslocar secções de bombeiros para as populações menos favorecidas" de modo a garantir uma melhor resposta nestas localidades no caso de ocorrer um desastre ou catástrofe.
 
Para além desta questão, a própria autarquia tem de trabalhar junto da população estrangeira, "que é elevada", e junto dos jovens, "entre os 15 e os 20 anos", que estudam em Cascais, mas que residem noutros concelhos, o que pode ser "um grande fator de vulnerabilidade" num desastre, afirmou José Manuel Mendes.
 
O Observatório de Risco também realizou recentemente a avaliação da vulnerabilidade social de Lagos, em que uma das freguesias, Odiáxere, apresenta 100% de vulnerabilidade social elevada ou muito elevada, devido à presença de "um grande lar de idosos e de habitação social", aclarou.
 
Bensafrim e Barão de São João, outra das freguesias do concelho, regista 60% de vulnerabilidade social elevada ou muito elevada.
 
"Em Lagos, o contexto social desfavorecido é maior do que em Cascais. Há populações vulneráveis e há muitas pessoas empregadas no setor primário com baixo poder de compra", referiu, sublinhando que neste concelho "não há fatores mitigantes" dos riscos.
 
O Observatório do Risco desenvolve uma metodologia que analisa a vulnerabilidade social "bairro a bairro", determinando a resistência a eventos danosos, como um tornado, ondas de calor, ondas de frio, tsunami, derrame ou explosão, bem como a capacidade de suporte e a criticidade - "características dos indivíduos que os podem tornar vulneráveis".