Os concessionários da Costa da Caparica alegam que as alterações decorrentes da requalificação da frente de praias, no âmbito do programa Costapolis, “não trouxeram nada de bom” para esta cidade turística do concelho de Almada. Diz António Ramos, proprietários do restaurante “O Barbas”, que as pessoas que vão à Costa não procuram os estabelecimentos comerciais, e aponta o dedo às obras que apenas serviram para as afastar.
“As obras do Costa Polis não trouxeram nada, mas sim retirar pessoas”, afirma à Lusa. Na sua opinião, estas “estrangularam o trânsito” e para além disso os parques de estacionamento “são pagos”. António Ramos – Barbas – contesta ainda a decisão do programa Costapolis em retirar o comboio Transpraia da frente urbana de praias. Um transporte que desde 1960 fazia parte da tradição da Costa da Caparica.
Protesta ainda por “não haver transportes públicos dignos para as pessoas virem para a Costa e os estabelecimentos construídos não são o que apregoam, pois ainda não terminou a obra e já estão deteriorados”. O Barbas critica ainda a recente decisão da Costapolis de “não autorizar a colocação de uma caixa ATM no local, uma vez que as que existem ficam afastadas da linha de concessionários de praia. “Fizeram 27 estabelecimentos, mas se fizessem dez com alguma dignidade seria muito mais importante, pois ninguém gosta disto. Não podemos pôr uma cadeira para as pessoas apanharem sol”. E questiona: “qual é a praia no mundo onde não se podem pôr esplanadas?”.
António Neves, presidente da junta de freguesia da Costa da Caparica, lembra que dos sete planos de pormenor do Costapolis apenas se realizaram dois, referindo que os “investimentos feitos pelos concessionários são muito elevados, os retornos são poucos e a manutenção do edificado tem sido nula”.
"Estamos muito preocupados pois já percebemos que a ideia do Ministério é acabar com o Polis da Caparica. Queria ver a Costa de Caparica completamento modificada e tenho quase a certeza que não vamos conseguir. Tudo se encaminha para que o Programa Polis seja trancado, pela menos na forma como estava programado. Estamos parados há dois anos", defendeu.
O autarca referiu que era impossível continuar com a situação que existia antes das obras começarem e espera que os trabalhos sejam continuados.
"A obra trouxe para a Costa uma cara nova. Apesar dos concessionários terem razão nas suas revindicações, era impossível continuar como estava. Sabemos que não há dinheiro, mas que se pense numa reestruturação do que estava previsto, pois se não se fizer agora nunca mais se faz".