Museu de Arte Urbana e Contemporânea de Cascais abre na primavera do próximo ano

O Museu de Arte Urbana e Contemporânea de Cascais (MARCC) abre ao público na primavera do próximo ano, disse hoje à Lusa o artista Alexandre Farto, que assina como Vhils, um dos responsáveis pelo projeto.
 
De acordo com Alexandre Farto, que falou à Lusa à margem da apresentação do projeto, hoje à noite em Cascais no espaço que irá acolher o museu, o MARCC irá abrir portas “na primavera de 2018, em abril ou maio”.
 
O Museu de Arte Urbana e Contemporânea de Cascais, que resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Cascais e Vhils, irá ocupar um espaço com cerca de 1.700 quadrados localizado por baixo da praça D.Diogo de Menezes, perto da marina da cidade.
 
O museu irá acolher uma exposição permanente, para a qual Vhils doou cerca de 300 obras da sua coleção pessoal, algumas de sua autoria e outras de artistas como os portugueses Abel Manta e Nomen, um dos pioneiros do 'graffiti' em Portugal, o britânico Banksy, o francês JR ou o norte-americano Shepard Fairey (Obey), e quatro exposições temporárias por ano. O artista português colecionou "sempre muitos artistas [das décadas] de 1970, 80 e 90, mas tudo sempre ligado à prática na rua e no espaço público".
 
“São peças que vão desde peças históricas, posters de propaganda do pós-25 de Abril, até às primeiras obras de ‘graffiti’ a ‘stencils’ que foram influentes no movimento, até aos últimos artistas do movimento de Arte Urbana e arte contemporânea também, que trabalhavam na rua”, disse.
 
Vhils irá “dar uma ajuda” na escolha das restantes peças da coleção permanente do museu, “mais vai haver um conselho diretivo, constituído por 4 ou 5 pessoas, que vai tomar decisões em conjunto, para manter a independência do projeto e manter alguma coerência e distância do mercado da arte”.
 
A Câmara de Cascais, de acordo com unformação disponibilizada pelo município, irá adquirir “350 mil euros em obras de arte urbana e contemporânea, nacional e internacional, coleção que será núcleo fundador do museu”.
 
Relativamente às exposições temporárias, para 2018 estão previstas no MARCC uma exposição individual de Vhils, uma outra do argentino Felipe Pantone e uma mostra coletiva de caráter histórico.
 
Além do espaço dentro de portas, está prevista a utilização do espaço à superfície.
 
“Uma das nossas ambições é usar o espaço envolvente do museu” e “tentar trazer esculturas e artistas que trabalharam a parte da escultura no espaço público”.
 
A criação de um museu “que tentasse criar um espaço ao lado efémero de todo o movimento e todas as coisas que acontecem de expressão na rua” era uma ideia que Alexandre Farto “já tinha há muito tempo”.
 
Além de um espaço de “mostra de artistas”, Vhils queria também que “fosse feita uma investigação e levantamento de artistas e do movimento, que vai de 1974 até hoje, e com isso tentar abarcar todas estas expressões artísticas legais e ilegais do espaço público e dar-lhes um espaço para ter exposições e dias abertos com eventos”, disse à Lusa, à margem da apresentação do MARCC.
 
No fundo, “ter um espaço de união e discussão e reflexão sobre o movimento e sobre as práticas no espaço público”.
 
Vhils considerou que um museu deste género “é importante, porque há falta de algum diálogo de instituições para com este movimento”.
 
Vhils lembrou que “este movimento está num momento muito especial” e, por isso, “precisa de criar esse espaço, discussão e reflexões também sobre ele próprio, porque há uma série de questões que se têm levantado ultimamente em relação ao movimento, que é importante serem faladas”.
 
Para o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, “quanto maior e melhor for esta comunidade criativa [presente no concelho], mais força tem o município em termos de desenvolvimento”.
 
“Sabemos que pela Arte, nomeadamente pela Arte Urbana, conseguimos ter comunidades mais criativas, mais tolerantes, talentosas e isso promove algo fundamental que é promover cada vez mais coesão social e através dela conseguirmos potenciar para aquilo que torna Cascais mais atrativo para viver, trabalhar e investir”, disse, em declarações à Lusa.
 
O MARCC, que integra o Bairro dos Museus de Cascais, será gerido pela Fundação Dom Luís I. Ainda não foi escolhido o diretor do museu.