Praias de Oeiras: vigilância “incomportável”

Concessionário da Praia de Santo Amaro aponta quebra de 50% no negócio.
O ‘tsunami’ da crise também apanhou os concessionários das praias. Com a época balnear terminada no passado domingo, o balanço feito por um dos mais antigos estabelecimentos presentes nos areais da costa oeirense é de molde a içar a bandeira negra... “Foi muito feio, pior do que no ano passado, que já tinha sido péssimo”, revelou ao JR António Baião, proprietário do ‘snack-bar’ “O Amarelo”, situado na Praia de Santo Amaro. “Há 36 anos que aqui estou e quando me lembro do que era esta casa a trabalhar e vejo os dias de hoje...”.
A falta de poder de compra está na origem da maré vazia que afecta o negócio à beira-mar e que se resume numa “quebra de 50%”.
“Antigamente, antes de irem embora da praia, as pessoas vinham sempre beber uma cerveja; agora são obrigadas a contar os tostões até para um café”, lamenta aquele empresário. Não é que falte gente no areal à frente do seu estabelecimento, mas “muitos trazem marmita, sandes e sumos...”. “Não aumentei os preços do ano passado para este ano”, faz notar, mas o esforço de não repercutir a subida do IVA na restauração de pouco ou nada valeu. “Feitas as contas, o saldo é negativo tendo em conta que agora vem aí o Inverno e haverá dias em que nem sequer vou abrir: com muita chuva e pouco dinheiro não vale a pena...”.
Por isso, António Baião considera “cada vez mais incomportáveis” as despesas que os concessionários são forçados a fazer para terem nadadores-salvadores. “São mil e tal euros, mais pequeno-almoço, almoço e lanche para cada um”, soma o empresário, que repartiu estes custos com o Restaurante Saisa, situado na mesma praia, para custear três destes profissionais. “E ainda queriam que pagássemos um quarto elemento!”, indigna-se, adiantando que este último nadador-salvador terá sido um encargo repartido entre a Câmara de Oeiras e a Administração do Porto de Lisboa (APL).
“Para o ano vou ter de avaliar muito bem este tipo de despesa...”, antecipa, desde já, o proprietário do ‘snack-bar’ o “Amarelo”.
Estas preocupações vão ao encontro da posição assumida pelo presidente da Federação Portuguesa de Concessionários de Praias. Em declarações à Lusa, Luís Carvalho defendeu que o Estado deveria assumir a gestão neste sector durante todo o ano, através da Protecção Civil e com o apoio da Marinha, podendo os concessionários contribuir para suportar as despesas da vigilância, mas não na totalidade.
“Não podemos ser o contribuinte exclusivo. Isto tem levado à falência de diversos concessionários em várias dezenas de praias do país, que deixam de ser vigiadas porque os empresários desistiram da sua actividade comercial e, consequentemente, da contratação de nadadores-salvadores”, disse aquele responsável, adiantando que as preocupações destes empresários aumentaram quando, em 2008, saiu a lei que obriga à contratação de dois nadadores-salvadores em permanência.