A inexperiência do piloto e a forma como lidou com uma avaria do motor estiveram na origem da queda da aeronave na praia da Aguda, Sintra, em dezembro de 2010, que provocou a morte do passageiro, concluiu o GPIAA.
Segundo o relatório final do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Aéreos (GPIAA), a que a agência Lusa teve hoje acesso, o "acidente resultou do insucesso do piloto [de 20 anos] ao lidar com a falha do motor, quando pretendia efetuar uma aterragem de emergência na praia".
O documento frisa que o jovem "selecionou uma área de aterragem de difícil acesso e com características físicas que limitavam as possibilidades de correção para qualquer desvio no plano inicial previsto para a manobra de aterragem".
A aeronave descolou do Aeródromo Municipal de Cascais para uma viagem de lazer, estando prevista uma manobra denominada de "toca e anda" na pista da Tojeira (Fontanelas - Sintra), mas acabou por cair na praia da Aguda, nas proximidades.
Do acidente, ocorrido a 15 de dezembro de 2010, resultou a morte do passageiro, de 22 anos, e lesões graves no piloto, o qual foi transportado de helicóptero para o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, mas sobreviveu.
O GPIAA frisa que também contribuíram para o acidente a "paragem do motor em voo, na sequência da fratura catastrófica da cambota", atribuída a fatores de ordem técnica.
"O programa de manutenção do motor era desadequado para as condições de operação, não permitindo a limpeza atempada dos depósitos de lamas de óxido de chumbo provenientes da utilização de combustíveis com alto teor de chumbo, facilitando o desgaste dos bronzes das bielas e outros rolamentos do motor e introduzindo partículas metálicas na circulação de óleo", segundo a investigação.
Além do reporte desta anomalia, entre outras, o relatório salienta que a "limitada experiência de voo do piloto, especialmente neste tipo de aeronave, contribuiu para que a avaliação da situação, a decisão e concretização das medidas tomadas e dos procedimentos efetuados não fossem as mais adequadas para que o resultado final não fosse tão catastrófico".
Desde que a aeronave foi adquirida pelo operador - um clube aeronáutico sem fins lucrativos e apenas dedicado a sócios -, "os intervalos entre inspeções foram muito irregulares e, aparentemente, nunca foi cumprida a recomendação de efetuar as mudanças de óleo a cada 25 horas de operação", acrescenta o relatório.
No documento oficial consta também a vesão do piloto, que contesta o documento e considera as "conclusões absurdas".
"A displicência com que é considerada a falha de motor apenas como "um fator contributivo" revela a falta de correção que marca este relatório, que peca pela parcialidade, ligeireza de análise e, acima de tudo, deficiente na avaliação da componente humana", justifica o jovem, que conclui: "Com base em tudo o que indiquei, a mais correta atribuição da causa primária é a falha de motor e não a especulação relativa ao meu desempenho".