Réplicas de obras de arte expostas nas ruas de Lisboa vão ser leiloadas

As réplicas das obras de arte da coleção do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), que estão expostas nas ruas de Lisboa, vão ser leiloadas em janeiro, disse à agência Lusa o diretor do MNAA, António Filipe Pimentel.
 
As reproduções das obras da exposição "ComingOut" que resistirem nas ruas do Chiado e Príncipe Real até 01 de janeiro serão leiloadas a partir do dia 06 desse mês, com uma base de licitação de cem euros, no Palácio do Correio Velho, em Lisboa.
 
António Filipe Pimentel explicou que foi a leiloeira que se quis associar ao fecho da exposição "ComingOut" e que propôs a realização do leilão, para que as verbas de venda das réplicas sejam usadas na angariação de fundos para a compra da obra "A Adoração dos Magos", de Domingos Sequeira.
 
"Sabíamos que esta iniciativa [a exposição nas ruas] teria impacto, mas não a este nível. Deve-se ao insólito da operação, mas também a um reconhecimento dos portugueses a uma marca que é o Museu Nacional de Arte Antiga, que pertence aos portugueses. Todos sãoo mecenas, todos somos zeladores destas coleções", afirmou o diretor do MNAA.
 
Segundo o responsável, as réplicas que estiverem em bom estado serão recolhidas a 01 de janeiro para depois serem expostas e leiloadas, entre 06 e 10 daquele mês.
 
A exposição "ComingOut - E se o museu saísse à rua" consistiu na colocação, nas paredes exteriores de edifícios de Lisboa, de cerca de 30 reproduções de alta qualidade, em escala real, de obras de arte da coleção do Museu Nacional de Arte Antiga.
 
Inaugurada em setembro, a exposição foi perdendo algumas das obras, mais de uma dezena, por furto. Quatro delas foram retiradas furtivamente do Chiado e recolocadas no exterior de edifícios no Laranjeiro (Almada).
 
Na reta final desta iniciativa inédita em Portugal, e apesar dos furtos, António Filipe Pimentel sublinhou a atitude dos portugueses perante a arte. "Provou-se que apropriam a beleza, que estão predispostos a elevar-se. Apesar dos roubos, não houve vandalismos".
 
As obras que vão a leilão são réplicas, "mas têm um valor simbólico, porque têm uma história, estiveram na rua, foram vistas por milhares de pessoas. Espero que haja uma entusiástica disputa no leilão", afirmou.
 
As verbas do leilão serão reencaminhadas para a campanha de angariação de 600.000 euros para a compra da tela "A Adoração dos Magos", que Domingos Sequeira pintou em 1828, da qual o MNAA possui o desenho final e vários desenhos preparatórios.
 
Segundo António Filipe Pimentel, foram angariados 15 por cento da verba total, elogiando o contributo financeiro de particulares. "São contributos de pequena dimensão, mas que revelam uma relação afetiva com o museu".
 
O mediatismo da exposição "ComingOut - E se o museu saísse à rua" e da angariação de verbas para a compra da tela tiveram efeitos positivos no próprio museu, referiu o diretor, com "um ritmo crescente de visitantes", em particular de público estrangeiro.
 
"Há aqui um efeito de fundo de divulgação do museu que se vê, por exemplo, na presença das escolas nas visitas ao museu, não só portuguesas, mas também estrangeiras. Organizam viagens de estudo para vir a Lisboa e visitar o museu", disse.