Rogério Charraz quer "alertar consciências" com o novo CD "Espelho"

O músico Rogério Charraz apresenta no sábado (dia 25), em Sintra, o seu novo álbum, “Espelho”, com o qual pretende “alertar a consciência das pessoas para o que as rodeia”, como afirmou à Lusa.

Rogério Charraz, com os seus convidados Dany Silva e Sensi, sobe, no sábado, às 21:30, ao palco do Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, para apresentar “Espelho”, álbum constituído por 11 canções, entre as quais “Carta ao Prof. Júlio Machado Vaz”, um tema de autoria de Charraz, que inclui a voz do catedrático, filho da cançonetista Maria Clara.

“É um exercício público de admiração. Há muito tempo que admiro o trabalho do professor, que é capaz de dizer as coisas mais banais, mas de uma forma que nos prende, mas não diz apenas coisas banais e é um homem intelectualmente muito interessante e uma das grandes cabeças deste país”, disse.

Referindo-se ao novo disco, Rogério Charraz considera que “há uma continuação da matriz daquele que foi o primeiro álbum [“A Chave”, editado em março de 2012], no sentido de haver quatro ou cinco temas que são a espinha dorsal e, depois, existe alguma liberdade de explorar outro tipo de sons”.

O músico sublinhou ainda o facto de ter sido coprodutor do álbum, o que ajudou a sentir uma maior liberdade.

“Se eu já me revia e continuo a rever no primeiro disco, este {novo] vai mais ao encontro daquilo que é o meu ADN e as minhas características enquanto músico e enquanto pessoa também”, realçou.

O álbum inclui algumas colaborações, que “surgiram de forma natural, conforme os arranjos, as canções e os temas”. As colaborações são de Luanda Cozetti, na canção “Sempre que o amor nos acontece”, de Dany Silva, em “Campo Lavrado”, e de Sensi, no tema “O Submarino Irrevogável”, uma letra e composição de Rogério Charraz, que alude ao atual vice-primeiro-ministro.

“A música tem um tom irónico e bem disposto, e creio que é de uma forma bem disposta de ir falando de certas coisas mais incómodas às pessoas e ir alertando consciências , nada mais do que isso”, disse o músico à Lusa.

“Acima de tudo, esta canção é um ato de cidadania. Enquanto cantores e compositores temos o privilégio de chegar a muita gente, mas esse privilégio não deixa de ser uma responsabilidade e não podemos passar ao lado daquilo que é a nossa atualidade e o que se passa no nosso país”.

“Não é uma música contra ninguém, mas, de facto, essas coisas aconteceram e foram feitas por uma determinada pessoa”, acrescentou.

“Sou apaixonado por Portugal e, de alguma forma, também me magoa e me perturba todas estas coisas que vão acontecendo. Portanto, encaro sobretudo, como um ato de cidadania, alertar as pessoas para as coisas que vão acontecendo”.

Referindo-se ainda a “O Submarino Irrevogável”, Charraz afirmou: “Aí há, essencialmente, uma denúncia, clara, concreta e objetiva. Tudo o que é dito, nada disso é irreal, inventado por mim, nada disso é exagerado por mim. Tudo o que está aí são coisas concretas que aconteceram neste país, que se passaram neste país”.

"De forma irónica", porém, Charraz também se referiu à canção como "um exercício de imaginação": "Se isto acontecesse realmente - afirmou, com um certo sarcasmo - as pessoas já se tinham revoltado”.

“Aquilo que eu pretendo não é atingir ninguém em particular, mas alertar as pessoas para que saiamos deste estado de conformismo”, rematou.

“As pessoas encaram a política como uma campo muito à parte, mas é a política que define a nossa vida. Temos obrigação de não nos desligarmos disso, porque a nossa vida é limitada em sede da política, e é isso que eu alerto nas minhas canções”.