Sintra apresenta plano de mobilidade com teleférico na serra

A construção de um teleférico na serra de Sintra, para aliviar a circulação viária no centro histórico, vai ser objeto de um estudo de impactos e colocado à discussão pública no início de 2015, anunciou a autarquia.
 
"Vamos avançar com um estudo para ver qual a solução que terá maior viabilidade, com menor impacto ambiental e paisagístico", explicou à agência Lusa o vereador do Trânsito e Mobilidade Urbana na Câmara de Sintra, Luís Patrício (PSD).
 
A ideia de um teleférico que ligue a entrada da vila ao Palácio da Pena chegou a ser anunciado em 2000 e 2001, no mandato da socialista Edite Estrela, mas nunca avançou.
 
O projeto consta da Estratégia de Mobilidade Integrada apresentada, na terça-feira, na reunião do executivo municipal, que visa entre outros objetivos "salvaguardar o património natural e construído", "promover benefícios ambientais" e "potenciar novas formas de mobilidade sustentáveis".
No diagnóstico da situação, a zona histórica é servida por "uma estrutura viária genericamente exígua", quando o crescimento do número de visitas aos monumentos cresceu em 29% entre 2012 e 2013 e a projeção para o corrente ano aponta para dois milhões de visitas.
 
Um estudo de tráfego em 2010, nos acessos à vila e à serra, contabilizou por dia 4.000 (maio)/4.500 (agosto) veículos ligeiros e 100/135 pesados, para apenas 308 lugares de estacionamento no centro histórico.
 
A projeção para 2014 aponta para um aumento diário para 6.000 ligeiros e 200 veículos pesados, com o mesmo número de lugares de estacionamento.
 
O conceito do plano assenta numa integração entre o transporte individual, público, turístico e suave, com estacionamento de proximidade e periférico, com vista a retirar os automóveis da vila.
 
Os parques periféricos serão servidos por transportes públicos regulares para o centro histórico e o estacionamento de proximidade terão "tarifas agravadas e, eventualmente, sazonais".
 
O acesso à zona histórica e à serra será preferencialmente através de transporte público e modos suaves (bicicletas e veículos elétricos) e por teleférico.
 
A vantagem do teleférico reside na movimentação de cabines de transporte através de cabos aéreos, apoiados em torres intermédias espaçadas, que permitem ultrapassar obstáculos geográficos e zonas naturais e patrimoniais sensíveis.
 
O documento aponta como benefícios do teleférico, em relação ao funicular, menor ocupação e impermeabilização do solo e indica que a experiência panorâmica constitui "atração adicional e contribuirá para que mais visitantes" deixem os veículos na periferia.
 
A viabilidade da solução é realçada no documento pela existência de 87 teleféricos em parques naturais e áreas protegidas classificadas pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).
O percurso deve partir do Ramalhão, junto aos bombeiros de São Pedro, até Santa Eufémia, para servir o Palácio da Pena, ligando a Sintra com terminal na zona das Murtas, atrás da estação ferroviária da vila.
 
"Queremos ouvir as pessoas e as associações do concelho", assegurou Luís Patrício, prevendo uma sessão pública no início de 2015 e o lançamento do "concurso em maio ou abril" para a concessão e construção por privados.
 
O vereador Pedro Ventura (CDU) concorda com "a necessidade da criação de parques periféricos e um modo de transporte que faça a ligação entre a vila e a serra", mas defendeu que a questão tem de ser discutida com a Unesco, os sintrenses e as associações de defesa do património.