A Associação Gasoline vai criar este ano uma escola de surf no rio Tejo, no local onde os surfistas aproveitam as ondas provocadas pelos catamarãs que fazem a ligação entre Barreiro e Lisboa.
Há cerca de um ano, um grupo de amigos resolveu divulgar um segredo que mantinha guardado há quase uma década: a possibilidade de fazer surf no Barreiro, em pleno rio Tejo.
"No início queríamos divulgar porque era um sonho surfar no rio. Queríamos imortalizar o que fazíamos, porque se os barcos desaparecem daqui ou deixam de andar a esta velocidade, a onda deixa de existir. Isto é uma coisa única no mundo", disse à Lusa Ricardo Carrajola, um dos elementos do grupo.
Depois de ser partilhado o segredo, o grupo decidiu criar a Associação Gasoline, nome com que batizou a onda do Tejo, e o próximo passo é a criação de uma escola de surf no Barreiro, que deve começar a funcionar já no início do verão.
"A associação foi criada para dinamizar desportos como o skate e o surf. A escola de surf não é para arrancar como as outras, com o objetivo de ganhar dinheiro, mas para proporcionar a crianças e jovens que não tenham possibilidade de ir para uma praia, a hipótese de se iniciarem no surf connosco aqui no rio", explicou.
Ricardo Carrajola referiu que a associação, que já recuperou uma rampa de skate no Barreiro, vai fazer protocolos com instituições do concelho para proporcionar às crianças desfavorecidas o acesso à modalidade.
"A ideia é começar com ‘workshops’ de surf já este ano. A escola tem que arrancar no período de férias escolares, porque a onda só funciona durante a semana e tem um horário específico, pois depende dos barcos", lembrou.
A substituição dos antigos cacilheiros pelos catamarãs, mais potentes e mais rápidos, há cerca de 10 anos, foi o motivo que possibilitou o surf no Barreiro.
"O melhor horário para o surf é entre as 07:00 e as 09:20, durante a semana, pois é a hora de ponta dos barcos. Aqui temos a particularidade de o surf ser a hora marcada. Olhamos a tabela das marés e o horário dos barcos e sabemos que está sempre ali e é sempre igual", referiu.
O surfista barreirense disse ainda que a possibilidade de surfar em pleno rio tem suscitado o interesse de pessoas de vários pontos do mundo.
"Isto que temos no Barreiro é uma coisa única, não há em mais lado nenhum. Muitos entram em contacto comigo para saber como é que isto funciona. Já aqui estiveram uns franceses que vieram à procura desta onda", contou.