Jogadores, treinadores e árbitros de futebol exigiram hoje, através das suas estruturas representativas, o cumprimento total dos compromissos dos clubes para com os seus trabalhadores, frisando o caso dos salários em atraso.
Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) e Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) reuniram-se no Porto para analisar o momento da modalidade: no fim, revelaram interesse comum no que diz respeito às incidências relacionadas com os incumprimentos por parte dos clubes e reclamaram mais eficientes mecanismos de controlo.
José Pereira, presidente da ANTF, revelou a existência, “menos comum em épocas anteriores”, de salários em atraso naquela classe profissional, afirmando que, “em grande período da temporada, quase 50 por cento dos treinadores não estavam a receber”.
Do encontro saiu público apelo “à Liga e à Federação no sentido de ser encontrada uma solução para este problema”, com Joaquim Evangelista, presidente do SJPF, a avisar: “Os dirigentes devem pagar o que devem. Ainda estão a tempo”.
“O que se passou com a Naval 1.º de Maio foi vergonhoso”, disse o dirigente sindical, a título de exemplo, realçando que “houve jogadores que estiveram sem receber desde o início de novembro”.
E apontou o dedo aos "casos já tornados públicos", embora tenha admitido haver outros: Olhanense, Vitória de Guimarães, Beira-Mar e Vitória de Setúbal.
Segundo Evangelista, “a Liga e a Federação não podem pactuar com isto” e sugeriu que os organismos devem “acabar com as declarações que os jogadores são obrigados a assinar”, que servem de justificação para esconder as dívidas salariais.
O dirigente apelou à Liga para “que acabe com isso, que retire essa possibilidade dos regulamentos, pois só os recibos dos vencimentos é que devem fazer prova” de que os compromissos estão saldados.
José Pereira, sobre esta matéria, alertou no mesmo sentido: “A Liga deve tomar as medidas necessárias para o cumprimento dos clubes. Tem que haver mais cuidado nos pressupostos [de acesso às competições profissionais] e legislar nesse sentido”.
“Já há três momentos de fiscalização, mas, se for preciso, que se crie um quinto, um sexto, os que forem necessários para que ninguém possa escapar”.
José Gomes, presidente da APAF, acrescentou que, apesar de não haver árbitros nos campeonatos profissionais a sofrerem com o mesmo género de incumprimentos, existe preocupação com os atrasos nos campeonatos não profissionais.